
Do tronco robusto e tão imenso quanto meus pensamentos saem as longas e violentas raízes. Sólidas testemunhas do tempo e da imponência da natureza sobre o homem. Não há palavras muito menos erudição em seus galhos e suas folhas, mas, ao sabor do vento há melodia, uma bela melodia que inunda e faz verter toda a tristeza que pesa dos meus olhos.
Uma canção triste que me faz pensar no quanto temos em comum, eu e aquela árvore centenária.
Não que eu me pareça com ela, pelo contrário, não me sinto à altura do menor de seus galhos, mas sinto que a conheço intimamente.
Perdida em meio à uma floresta de cimento armado, ela se destaca pela beleza, pela grandiosidade do silêncio que ensina, e pela resistência das suas raízes num chão que não quer mais sustentá-la.
Insiste em impor-se a despeito de todo sofrimento, como se quisesse doar sua sabedoria em troca apenas de tornar o mundo menos sofrível.
Minha mãe é minha árvore centenária, meu exemplo, minha força.
Presa às suas lembranças atrelada à uma cama, ou sobre as quatro rodas de uma cadeira, ela se impõe. Estende seus galhos e nos oferece sua sabedoria apenas num olhar. Não nos permite fraquejar em nenhum momento, trás nos seus setenta e tantos anos e na pouca compreensão que ainda lhe resta toda a sabedoria de uma vida. E nos ensina a ter fé e não deixar de caminhar, mesmo que seus pés, suas raízes, não lhe possam levar à lugar algum.
Por mais que eu chore, em nenhum momento me permito desistir. Não suportaria olhar em seus olhos e vê-la desistindo de doar-se por não sermos capazes de absorver as únicas coisas que nos tornam mais fortes do que nossos próprios medos.
Sua força e o seu amor.
Próximo ao dia dos pais, escrevo sobre minha mãe.
Porque é nela que encontramos forças, e é por ela que meu pai resiste aos seus medos e suas tristezas, hoje, tão frágil quanto uma criança sem o colo de sua mãe.
Como diria Djavan: "Pai e mãe, ouro de mina..."
Monica San
Hoje, mais do que nunca, é meu exemplo de vida... são 74 anos do mais puro amor, e de tanta fé que suplanta qualquer dor. Amo mais do que tudo nessa vida... Parabéns mamãe!!!



Menina minha amiga!
ResponderExcluirMe deixou arrepiado!
Que jeito lindo de falar dessa guerreira que usa como armas: o amor, as palavras de carinho, o apoio...!
Beijão!
Esse olhar...
ResponderExcluircaetanea, djavanea... ou não:
antecede a tudo isso.
beijo minha tata
lindoooooo....chorei
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