Descontrolada pela culpa atordoante
olho teu corpo estendido no tapete
desse teu sangue encho a taça transparente
e ao punhal eu ergo um brinde, delirante!
Já não sustento os motivos do desfecho
da gana torpe que invadiu-me noite adentro
do teu sarcasmo ao sorrir-me é que me lembro
dos lábios secos que molharam outro beijo.
Senti teu cheiro impregnado de alfazema
senti teu corpo extasiado de outro peso
não tive dúvidas, senti o teu desprezo
e de certezas, fiz pra nós um novo tema.
Cantei um cântico em louvor ao nosso caso
despi-me aos olhos e à boca, do pecado
ajoelhada fiz a prece ao teu gargalo
e profanei um santo nome com descaso.
Te dei meu corpo como fosse a tua casa
abri as portas, abriguei o teu desejo
sorvi teu sumo e te matei depois de um beijo
roubei teus olhos e enterrei em cova rasa.
Agora brindo, ao farrapo ensanguentado
e ao punhal que atravessou a tua alma!
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Sorvo de um vinho, recupero a minha calma
e arremato: outro poema terminado!
Monica San
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