
donde as palavras hoje não repousam
Secas e quase sem razão de ser
afundam-se no mais profundo exílio
Natimorto sem pátria ou origem
sem destino útil ou futuro
revolvem o útero mas não vingam
tornam-se excremento, fruto impuro
Fecundadas no prazer do absinto
que do amargo torpor eu já nem sinto
nem peso nem fedor das tais promessas
Viessem irromper o negro bucho
assim, de amor e de beleza carregadas
num parto que apartasse as horas vagas
vazias e supérfluas nasceriam
Pois, que ao tocar a imensidão do frio concreto
desterradas do calor que são fecundas
morreriam na vontade de ser gozo
Deixe então que permaneçam vãs, profundas
mas que expurguem a agonia desse corpo
ao tornarem-se dejectos d'um desejo
que jamais tocou-te os lábios sendo beijo
E que morram (enfim)...sem jamais terem jorrado!
Monica San
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