22 julho, 2009

Sem contento

Aqueço as minhas pernas

no fogo das tuas letras

escorre entre elas

o verbo que te retesa

no verso que intercala

o falo que te condena

perdido na minha fala

que cala mas não contenta

que sorve

que traga

e tara

teu fogo nas minhas ventas!

Monica San

Em silêncio

Percebe...
engoli o ar
estanquei o riso
apaguei o sol do meio dia
e mergulhei no teu silêncio

anoiteci a braçadas
sob tuas ondas que ecoavam
e aquebrantavam meu corpo
semi-morto

não havia gritos, gemidos, nem urros
nem vida mais havia
só a maresia
que acalentava teu corpo cansado.

*************Monica San

Pés descalços












PÉS DESCALÇOS

Revela-se na falsa transparência
a pura ausência...
um nada, que aos olhos alimenta
Mas à alma, refúgio da essência
reflete em traços rasos
um tudo que aparenta.
Há de ser cacos
um passado estilhaçado
e sangrando
há de compor um novo traço
E de presente,
novo reflexo se faça
num rastro natural de pés descalços.

Monica San
Foto: Sebastião Salgado

(In)completo

O peso do teu corpo
crava as minhas vontades
Dentro,você é pedra encrustada
é parte de mim
é pérola
é sal
é marfim

Dentro,
você é fonte que jorra
é água que sacia
é mar que me arrebata

É o infinito que me ganha,
que me arrebanha
e num sobrevôo tresloucado
eu, sou um albatroz errante
buscando no teu corpo cansado
a parte que falta
(que ainda falta)

a magia...
que tempera a vida.

Monica San

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