29 julho, 2012

Breve


Agora apago a Lua
que dentro de mim habita
que do Sol se enamora
sempre vindo e indo embora
num desencontro infinito

Há de um eclipse bendito

distante de toda hora
 
lamber a pele escondida
dessa que tanto grita,
em raios que o fogo aflora

E a alma agitada e aflita

no desencontro de agora
há de enfim ser calmaria
no rastro de um breve dia.
Que o amor não se demora.


Monica San



26 julho, 2012

Melancolia


Uma página em branco
e o silêncio me basta

Escrevo sobre horas mortas

dias sem cor, noites insones
Falo de solidões, desamores
e adormeço sobre as palavras


Talvez amanheça menos amarga
talvez os versos sejam brandos
e talvez não haja mais nada

além dos sonhos.


Monica San

Tudo o que se quer


E tudo o que se queria o tempo todo
era aquele sorriso bobo
de quem amanheceu sem ter adormecido
de quem se perdeu por assim ter querido
e do presente fez eterno
num tempo que passa, sem ter se perdido.


Monica San

20 julho, 2012

Café das letras remember...

Hoje senti saudades do Café das letras... o orkut já não é o mesmo, nós já não somos os mesmos, a vida já... pois é, resolvi então resgatar um bom momento, de pouca lucidez, bons amigos e alegria na medida certa. Alguns não terão vontade de ler ao ver o tamanho do post, dos que se aventurarem nem todos conseguirão entender tudo, mas dos que entenderem, sei que alguns sentirão a mesma saudade que eu. Acho que vou provocar alguns sorrisos... isso por si, já terá valido a pena!
                                                             
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               MANIFESTO sobre a poética arte de divagar a esmo...

Manifesto sobre a poética arte de divagar a esmo, testar, contestar, e atestar capacidades e incapacidades variadas.

Nota introdutória:

Em virtude de inúmeras manifestações de apreço, muitas vezes externadas, em outras apenas insinuadas e mais ainda não declaradas porém sentidas (por mim) à minha pessoa, venho agora fazer saber das minhas deliberações acerca do fazer poético nesta casa, através de um manifesto público e extensivo a todos os que comigo compartilharem e concordarem das linhas que seguem.

Manifesto

Parágrafo único - Da in-sanidade poética e de todas as licenças licenciadas e silenciadas nesta casa de poetas lúcidos, translúcidos, não tão lúcidos e lúdicos.

Faça-se saber que eu, Monica San, vulgo Moniquinha, Monka, Mon, Moni, etc sem ser tal, não sou, nunca fui nem pretendo ser mais poeta do que louca, ou mais louca do que poeta. Que ambas as denominações a mim atribuidas estão em plena consonância, e assim sendo confortáveis e bem resolvidas, gozando da mais pura harmonia poética.
Sendo assim, fica decretado que àqueles que me chamam ou chamaram de maluca, doida, louca, insana, absolvo de toda e qualquer culpa, prejuízo ou castigo.
E aos que me chamam de poeta, fique claro que o sou em tempo integral, sem prazo de validade, e por pura convicção de querer, ansiar, desejar ardentemente sê-lo.

Fica decretado por minha própria vontade e determinação, que todos os poemas de amor aqui serão bem vindos, sempre.Que todos os versos melados, todo lirismo apaixonado, todas as dores de amores e desamores, serão sempre respeitadas como um bem maior e valioso de cada poeta apaixonado e/ou apaixonante.

Que todos os desabafos, todos os desafetos acumulados, toda a ira enfatizada e enraízada nos versos e nas vísceras dos poetas serão tidas como grito poético e respeitadas como catarse, descarrego, ou prece, em nome da saúde mental e física, mas principalmente, em nome da poesia que, mesmo estando o poeta tísico, doente, desinspirado e desesperado, ainda sobre-vive e muitas vezes o salva.

Que toda melancolia, toda tristeza, toda agústia poetizada, seja por quais motivos forem serão sempre sorvidas e agradecidas por demonstrarem e atestarem a fragilidade do homem, ser humano e muitas vezes des-umano diante da vida.

Que falar de Deus, seja em nome dele ou contra ele, fica permitido desde que se tenha a certeza do quanto somos pequenos e imperfeitos, e que portanto não somos donos da verdade nem sobre Ele nem sobre coisa alguma. Que entre Deus e o diabo, o céu e o inferno, e entre a vida e a morte, existe um hiato do tamanho da nossa in-compreensão, da nossa in-capacidade, da nossa im-perfeição.
Que a fé será respeitada como algo pessoal, intransferível, e necessário porém não obrigatório, haja vista que sua falta gera questionamentos, elucubrações e dissertações de grande valor literário, o que atesta impreterivelmente, a fé (mesmo que renegada, desconhecida, inconsciente) do incrédulo, em si próprio e em suas convicções.

Que toda sensualidade, todo erotismo, toda lascívia demonstrados, decantados, versados, ou insinuados em entrelinhas será considerada manifestação pura e incontestável de energia transformadora, de verve transbordante, de vida pulsante, e portanto sorvida, degustada, sentida e apreendida como prazer oferecido e compartilhado. E que todo orgasmo, seja ele poético ou não, em nome da poesia será perdoado.

Por fim mas não menos importante, decreto, atesto e manifesto que o bom humor deve ser aqui preservado sempre, que o sorriso deve ser gratuito e extensivo a todos, que a amizade é um elo inquebrantável e essencial à manutenção da vida, e que toda lágrima aqui vertida sejam quais forem os motivos, deve converter-se em versos, a fim de que nada seja desperdiçado, tudo seja devidamente consumido e transformado de acordo com as leis da natureza. E que esta (a natureza) por sua vez, seja incansavelmente defendida e decantada como a única coisa perfeita e perfeitamente bela criada na face desse tão maltratado planeta Terra, incoerentemente chamado assim, uma vez que é formado em sua maioria de água, e portanto deveria ser chamado planeta Água, como sabiamente nos cantou o poeta Guilherme Arantes (que não é do nascimento, e portanto não é Pelé).

Que todas as minhas piadas infames e trocadilhos infelizes, como este acima, sejam perdoados em nome da licença poética**, e em nome da minha pouca lucidez assumida, do meu amor pela vida, e da minha pretensão poética.

**Consultar a Wikipédia.



Das disposições finais:

Qualquer semelhança deste, com algum caco perdido por aí, mais especificamente no poema Não... da Giu, vulgo florzinha (Café das letras), não é mera coincidência, nem obra do acaso. Que fique claro que puxei um gancho de lá pra cá, na intenção de exercitar minha criatividade, minha verve crônica e anacrónica, e de cronista, minha verve cômica capenga, meu sarcasmo irônico e anta-gônico, e também de testar a resistência, a paciência, e a inobservância dos amados e idolatrados colegas poetas, escrevinhadores e leitores.
Que meu pouco juízo, minha in-sanidade mental e poética, meus devaneios e minhas divagações fora dos limites da normalidade, sejam perdoadas não em nome do amor, como diria Oswaldo Montenegro "que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra metade também", que em mim habita, jorra e transborda, o que já é público e notório, mas em nome da poesia, que me provoca, desconcentra, desconcerta, inquieta e me faz voar acima dos pensamentos e da racionalidade naturais dos seres humanamente normais e centrados.
E também em nome da falta de ter o que fazer na ausência da inspiração maior e potencial de uma poeta insone.

Por todas as verdades e in-verdades aqui proferidas, e também por todas as des-mentiras e possíveis falsas prerrogativas por mim convertidas aqui em pretensão textual, atesto o referido sem fé.



Monica San

18 julho, 2012

Adiante


Sempre que penso na paz imagino uma praia, os pés descalços pisando a areia quente e branca, o vento fresco batendo no rosto e desfiando os cabelos encaracolados, a maresia penetrando a alma e o corpo ondulando junto ao movimento das águas. Uma sensação gostosa de leveza, infinitude, encantamento. 

Não há mar, talvez por isso a paz esteja tão distante. 


Monica San

...

Não dormir seria uma boa opção hoje... não fechar os olhos, não sonhar, não ter medo de não acordar do pesadelo... que parece não ter fim.
 
MS

16 julho, 2012

Cantilena do frio

Pálidas tardes acinzentadas
incólumes do frio castigante

(o colorido sobrepuja o pálido
quando d'alma transborda)

Pobre alma que vazia e cinza
há dias já não sabe das cores
mais do que a ausência
castigo, consequência
de quem ama o azul e nele insiste
mesmo quando se desfaz

e tudo o que resta são sombras...
sombras, sobras, ais.
 Monica San
 

15 julho, 2012

Do frio e suas mazelas

Houve um dia tão frio, mas tão frio, que a língua se esqueceu da palavra, os olhos se perderam da luz e as mãos se fecharam como se nunca tivessem tocado pele ou pelos que trouxessem consigo o calor do sol.
E o frio se fez profundo, tão profundo, que tocou a poesia.  
Monica San

Cantilena

Seja alma
acalma seja
a pressa
seja essa
vontade tola
a toa
sem calma
seja leve
etérea e boa
seja breve
seja o beijo
o selo
etéreo
que ala
e avoa


Entoa
então e beija
d'alma seja
a pena...


e leve.

Monica San

14 julho, 2012

Ausência (ou da inspiração que se perdeu)




Hoje me falta um poema
sem rimas nem pretensões
apenas um poema
que chore ou ria por mim

que me avesse e silencie
e acalante o meu sono
enquanto os sonhos, despertos
brincam de não ter fim.
 Monica San
 

 





Da série pensando alto

Ninguém vive só de bom senso.
Alguns momentos pedem: pouco juízo, muita coragem,
e uma vontade desmedida de ser feliz (por um mínimo instante que seja).
Monica San

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