20 dezembro, 2010

De pesares e de quereres

Mesmo que seja noite, por trás de todas as horas
e o tempo não valha a morte que encerra essa caminhada
mesmo que pese aos olhos o breu da noite embotada
e o corpo quede, esparso, no arrego da longa estrada

Ainda assim haja sonhos que os olhos não adormeçam
e beijos de amor carregados, que os lábios jamais esqueçam.



Monica San

Contação



São tantas as contas
e ás tontas as rezas
que em contas desfio
que em santos nem fio
os contos corridos.
Só rio
e no riso me espanto
do pouco juízo
que em contas decanto.

Monica San

13 dezembro, 2010

Drama, ato único

 Nada do que salta à língua é pleno, nada do que salta aos olhos é real, nada do que me explode em cólicas e grito é o que realmente me vem explícito à mente. Mente minha língua mesmo quando afiada, é faca que não corta nem água.
Implodo tantas e tantas vezes ao dia que sou escombros de mim ao longo do que nem sei ao certo se um dia foi chão firme ou sempre deserto.
Se grito sou eco perdido na imensidão, se choro, senão.
Se poeta me sinto, minto; a poesia que eclode é sintoma, não mais que isso.  Doença terminal de quem ama a despeito das rimas contrárias. 

Se dói é porque sinto, se sinto é porque amo, se amo não minto mas inflamo e ardo como se lentamente morresse.
Como se a poesia me valesse doer até o fim.
E no fim, como se um ponto realmente definisse o indefinível, verso o ocaso como se o sol não mais viesse.
E morro, todos os dias, como se poeta fosse.


Monica San

Madrugadices

Eu busco o espanto
num canto o encanto
do nó que desata
surpresa sem laços
certeza em abraços
de só não ser nada

Eu busco o suspiro
do amor que transpiro
enfim serenata
acordes em duo
encontro que intuo
ao longo da estrada.

Eu busco...

e no fusco sou só
madrugada.

Monica San

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