24 novembro, 2012

De noites e noites

Se me falta o sono ou me perco dos sonhos, é que as palavras despertas
não se aquietam... urgem que eu lhes dê leito, contento e asas.


Monica San

19 novembro, 2012

Desenredo


Há dias em que a luz se apaga
o chão se abre quando o céu desaba
e se abala até o breu na alma

dias destes, que me metem medo
de tempo contra o próprio desenredo
de tempestade que o mar n'acalma

e é nestes dias de terror armado
que se procura em riso descuidado
aquela luz que se perdeu dos olhos

ou se encontra num abraço largo
o aconchego de um carinho dado
trazendo a paz que se perdeu dos sonhos.

Monica San


18 novembro, 2012

Foco's



O que me salva
ou talvez me perde
é o olhar que inverte

no inferno que não corrompe
ou no céu que nada promete

esse olhar que só persegue
ora perdido, ora entregue.


Monica San

13 novembro, 2012

Prumo


Aponta pro sol

apruma o norte


e no riso rabisca

a própria sorte

que a vida se cansa de ser dó


e da morte, nada mais importa
senão o alivio de uma vida

só.


Monica San

Aridez poética

 
Essa seca que é de mágoa
de mágoa que vai cortando
é seca que vai rasgando
no pó da estrada passando

é seca, é gota d'água

agoa, seca

e mata.

Monica San


Sutilezas

O que me espanta e desespera

é quando falta a capacidade de compreender


aquilo que não se explica em palavras


mas se apreende, no simples ato de ser.


Monica San

Pensando alto

Corrupção, índios, mensalão, copa do mundo, desrespeito, violência, humilhação, degradação, injustiça... vida a menos, bem menos vida!

Pensando bem, há momentos em que fazer parte

da raça humana é motivo de vergonha.
Somos passivos diante da nossa própria miséria e nos lamentamos do mal causado por outro igual.
O bem ou o mal? Apenas uma questão de escolha tão simples quanto caminhar. Nada nos é

escondido que não seja capaz de elucidar o que há em cada um dos caminhos; seguir este ou aquele não é um risco, mas uma opção perfeitamente clara.
Tudo é consequência das escolhas que fazemos.
O que nos torna superiores, também nos escraviza, desde que aprendemos a andar sobre duas pernas e a enxergar o nosso próprio umbigo.


Monica San

30 outubro, 2012

Noite a dentro

 
Em braços que se estendem
ao desencanto ou ao vento
adormecem as solidões
antes do alvorecer

Madrugadices são proibidas
aos que gozam de lucidez 
a loucura ainda acalanta
os melhores momentos de paz.



Monica San




21 outubro, 2012

Brevidade



Não seja talvez a canção
antídoto, remédio ou cura
mas ao tocar, profundo
seja a dor, a falta ou o tédio

seja breve, seja leve
e seja o tom que ao corpo enleve
num raro momento de paz.


Monica San

20 outubro, 2012

Súbito



Muita coisa tem se perdido
em vãos que não tecem palavras
no silêncio que não toca a alma
no grito que nunca transborda

É preciso segurar o verso

antes que o poema passe.


Monica San


18 outubro, 2012

Pensando alto

Há pessoas que simplesmente não conhecem nada sobre delicadeza, sensibilidade, sensualidade ou encantamento. Tudo isso faz parte não apenas de gestos ou palavras, mas de olhares que percorrem silenciosos a alma humana.
É preciso penetrar sem tocar, decifrar sem conhecer, emaranhar sem se prender.

O que parece humanamente impossível, é o sabor mais desejado!


MS

Dormentes

Toda perda é dolorida
todo poeta sofre
todo amor é patético

toda verdade é relativa

e toda mentira convém

tudo na vida passa


no tempo que passa também

só não passa o que fica

(dormente)
feito estrada que leva o trem.


Monica San

Resiliência





Se a estrada é longa
e os pés se cansam
é preciso crer nas asas
e jamais temer as quedas.


Monica San

04 outubro, 2012

Da série Pensando alto

"Os pensamentos são pássaros. Não pedem licença para pousar tampouco buscam consentimento. Se te servem, algum valor agregam ao vôo; se não, para isso servem as asas: dar vasão à outras paragens."

*quarto de hospital - lugar inóspito (ou não)


Monica San

Do amor ideal (ou que se pensa ideal)




 ...há de ser leve e brando, no momento de ser leve e brando
e quente, e intenso, no momento de ser quente e intenso
e firme, objetivo, no momento de o ser.

Mas nunca rude, nem áspero, tampouco frio.

Frio, jamais.


Monica San



Fogueira








...e assim somos fogo
ausente o teu no meu louco
por tão pouco se perdeu
mas arde feito brasa
meu corpo do teu casa.


Monica San

25 setembro, 2012

Cantilena de amor

Nem sempre leve, este sentir entoa
a cantilena de um amor ausente
é brisa mansa, ou pássaro que voa
cortando o ceú e o coração da gente

se vem rasante, é fúria que atordoa

rompendo a calma nesse de repente
se vem soprando feito coisa boa

é paz que invade quando a gente sente

E tal a brisa ou ave em disparada

procura a toa pela madrugada
um bem querer ao seu querer desperto

rasgando o dia sem fazer morada

deixando um canto em cada vão de estrada
buscando amor sem ter um rumo certo!


Monica San

22 setembro, 2012

Ígneo

 
 "que não seja eterno...posto que é chama"
 ...   
 
Do fogo que se alimenta
crepita o prazer do encontro
na chama, que sempre acesa
transcende o poder do encanto


mas fogo também se apaga
ao sopro ou desencanto
assim como amor sem casa
procura por outro canto.


Monica San


O que é bom não tem hora

A vida é cheia de contratempos:

contra tempos de sorrisos

contra tempos de paz
contra tempos de alegria
contra tempos de esperanças
contra tempos de sonhar

mas mesmo com tantos contras

a gente ainda se encontra
na estrada de encantar!

Bastam uns versos soltos

alguns sorrisos meio bobos
algumas histórias pra contar

e o contratempo de outrora

vira verso, vira hora
de ser criança e brincar!


Monica San

17 setembro, 2012

Do amor e do poeta


Fez amor com a mesma intensidade com que escrevia seus poemas.
E chorou convulsivamente no verso mais doloroso, no gesto mais profundo. 

Faltou compreensão e o poema ficou mudo.
E o amor... o amor morreu, no último verso.

Monica San

(E)fusão


Essa urgência que se faz amor
deste sem tempo de se ter espera
dessa má fé que se faz destino
é todo seu neste querer profundo
é tudo eu, nesse teu ser contido!


Monica San




Seja arte!


Quer formar um grande empresário?
Ensina-lhe a somar e multiplicar
Quer formar um grande líder?
Ensina-lhe a conhecer a história
Quer formar um grande cientista?
Ensina-lhe a curiosidade das coisas
Mas se quer formar um homem
"apenas" um homem

ensina-lhe a simplicidade da vida
e a grandiosidade da arte!


Monica San

14 setembro, 2012

Mais uma de amor

E se a solidão vier
feito faca, lança, ou veneno
e se tudo enfim parecer
não caber em si
nem dó, nem mim
sem que seja assim
um tanto em tanto querer
mesmo assim
inda seja maior
todo o gosto, tudo, posto
que ao amor não cabe pena
tampouco desdém
somente o deguste lento
o amar seja a quem
de direito for o intento
de, amado, fazer-se presa
um dia amando também.


Monica San




11 setembro, 2012

D' amor II

Deixa tocar aquela canção romântica
rabisca a folha em branco de sonhos
e faz cair dos olhos os dias passados

que o coração ainda dispara, e espera

mas o amor... deu-se às asas e ao mundo

e a canção ainda toca.


Monica San

Ou não

Ainda não entendo tanto desencontro
em traços que se cruzam a todo tempo
ainda não me cabe tanta ausência
na presença que alimenta e se faz
tanto querer, tanto sentir
e se desfaz em braços que não enlaçam
em olhos que não acolhem
em almas que não se fundem.

Há algo de irreal ou sobrehumano
nesse todo que se faz vazio.
Ou não.


Monica San

Afasia

Encerro no silêncio
sob as penas do universo
mais um dia, apenas mais um

em silêncio
acolho a noite, e acalanto o dia

e amanhã, ainda em silêncio

acordo o mundo.

Monica San
"As vezes, o silêncio é uma tentativa desesperada de ser ouvido." 

Monica San 

04 setembro, 2012

Simples assim


Um abraço sincero, um beijo, um carinho... o fogo dos amantes, a vontade que incendeia. Tudo tão simples. Doação natural de quem ama a vida e dela pretende sorver até a última gota.
E ainda há quem complique tudo.
Quem não se contente com a simplicidade dos sentimentos; quem precise de certezas, acordos,  garantias, coisas que a própria vida não é capaz de oferecer.
Ainda busco quem se comova com as gotas de sereno sobre as folhas verdes, quem sofra com a dor alheia, quem se revolte com as injustiças e não se cale, mesmo sabendo que sua voz não tem força sozinha.
Isso tudo ao mesmo tempo, sem perder o brilho, o fogo, o amor pela vida, e a capacidade de amar.


Monica San

Foi...



Ah, o sono escapou
foi no vão do pensamento
se encaixou numa dúvida...

ô tormento!

Monica San

02 setembro, 2012

Boa nova!

Que venha a primavera
atada nos dias que seguem
e setembro nos seja gentil!

A gosto vivemos

as vezes desgosto
mas há sempre um setembro
e flores, e sóis, e novas vontades!


Monica San


O tempo é implacável, tanto quanto generoso... mas não tem freios.
A cada um cabe ter pernas para alcançá-lo, e alma, para fazê-lo imenso
no momento propício.


Monica San

29 agosto, 2012

...

"O dia, é o prelúdio da noite. E a vida, é um ensaio que nunca termina."

Monica San

...

"O universo me inspira, e o infinito tem o tamanho exato das minhas pernas!"

Monica San

28 agosto, 2012

Inquietação



Qual o sabor de se deixar levar
e, feito folha em chão de outono
enredar-se em redemunhos

e voar... voar... voar?


sabe-se lá o que é de amar!


Monica San

26 agosto, 2012

Ah, o amor!

Talvez o amor verdadeiro só exista mesmo no coração dos poetas... talvez, fazer poesia seja sina de quem acredita nele... e talvez o mundo precise mesmo de mais poesia. 
Que bom!
Monica San

É, coração...

 Tomado de um sobressalto
o coração é sujeito
palpita descontrolado
quase saltando do peito

fica assim meio sem rumo
perde a noção e o tempo
construção fora de prumo
razão que não tem contento

querer que não vê limites
se adona sem permissão
um laço que não permite
às asas, bater em vão

se volta, pro ninho volta
buscando a parte cabida
se voa e não retorna
é quando se faz partida

quando é amor não tem jeito
se deixa acomodar
só vai embora no tempo
do coração descansar

e logo se vê às voltas (o coração)
querendo se enredar
é bicho que vive às tontas
nas voltas que o mundo dá.


Monica San


Da série pensando alto


Eu gosto das surpresas
mas a vida as vezes
me parece um susto
perco a fala, o fôlego, o fio
e alguns sorrisos.


Monica San

21 agosto, 2012

Assopro

Um ponto
sozinho é sempre triste
prefiro as reticências

suspense, suspiros, surpresas!

Ao fim cabe o ponto final

o que não me cabe
finitude, sentença, definição
acomodo no braço do tempo
e assopro...pra bem longe

isso me cabe...
Monica San




Mater


De todos os mistérios que desafiam o homem
um, com certeza desafia o universo.
Um buraco negro donde sai a vida e dói 

dilacera, amarga um aparte que se faz sina.
Romper o laço, partir um pedaço, estirpar 

a parte mais doída compondo 
com o próprio universo o que segue.

E a vida segue...
Incerta, misteriosa. Ora dor, ora lida, busca que não cessa

encontros, desencontros, partidas.

Resta ao poeta o verso, à mãe o terço, e ao mundo...o filho.


Monica San

15 agosto, 2012

Pensando muito alto

O tempo avança, e o chão parece fugir dos pés

a esperança é um pássaro ágil...

é preciso firmar os olhos para não perdê-lo de vista!


Monica San

Há dias


Destes dias assim, amargos
mal sabe a língua que ainda guarda
o sabor adocicado do beijo

destes dias que nascem sem cor,

os olhos perdem-se, fugidios
guardam o brilho do último sol
ou da última noite de amor


destes dias, bem sabe a alma
que incansável, vela pela última chama
a última chispa de sonhos
que escorre entre os dedos das mãos.


Monica San

13 agosto, 2012

Adormecimento


 A humanidade adormeceu
as paixões, as emoções
os encantamentos
superficialmente s o b r e v i v e m o s
sem muitos suspiros
sem sobressaltos
sem utopias
e morremos de morte anunciada
dia a dia... l e n t a m e n t e
como se nem a surpresa da morte
nos fosse permitida.



Onde se encontram a delicadeza, as paixões, os encantos da simplicidade 

que comove e envolve a alma? Por onde se perderam os olhares adocicados 
e as palavras ternas que nos faziam pairar acima das atribulações dessa vida?
Onde se perdeu o gosto pelo abraço? O gesto das mãos estendidas? 

Onde se perderam o colo e o silêncio das mães? E o beijo agradecido dos filhos?
Quantos olhares se encontram perdidos?


Monica San


12 agosto, 2012

Momentos II

 



Falta o encanto
a surpresa do inesperado
sobram olhares
desperdiçados em vãos.

 
Monica San

Nau

Os amores das antigas canções, os sonhos esmaecidos, as lembranças, a poesia que em rítmo de coração partido vai acalentando a noite fria... e o tempo vai se fazendo moroso, pesado, longo. Suficiente talvez para longas reflexões, arrependimentos, mudanças... ou simplesmente para o silêncio.
Tempo de transbordar os rios, arrebentar entranhas e marear. Até que venha, enfim, a calmaria.


Monica San

09 agosto, 2012

Pensando muito alto

"Se a noite me perguntasse
pra onde foram os meus sonhos
eu diria que adormeceram
bem distante dos meus olhos."


Monica San

Insonso


Estranho
não é o dia ficar mais cinza
ou a noite perder a graça

estranho
é o gosto ficar sem gosto
a língua pesar sem fala

o riso ficar sem lua
na rua perder-se o sonho

e o sono ficar sem jeito

em pés que nunca se deitam
em dias que nunca acordam

em noites que já não sonham.


Monica San

04 agosto, 2012

Sobre estes dias que parecem não ter amanhecido

A auto-afirmação é uma necessidade de quem convive todos os dias com a insegurança... o otimismo é o que torna tudo possível, a fé é o combustível de quem não enxerga o final da estrada, mas sabe que precisa continuar mesmo tendo os pés bem cansados... e Deus, embora não seja uma unamimidade, é para muitos (eu entre estes), a força que nasce de dentro e não permite que o fim chegue antes da última manhã de sol.

Monica San

29 julho, 2012

Breve


Agora apago a Lua
que dentro de mim habita
que do Sol se enamora
sempre vindo e indo embora
num desencontro infinito

Há de um eclipse bendito

distante de toda hora
 
lamber a pele escondida
dessa que tanto grita,
em raios que o fogo aflora

E a alma agitada e aflita

no desencontro de agora
há de enfim ser calmaria
no rastro de um breve dia.
Que o amor não se demora.


Monica San



26 julho, 2012

Melancolia


Uma página em branco
e o silêncio me basta

Escrevo sobre horas mortas

dias sem cor, noites insones
Falo de solidões, desamores
e adormeço sobre as palavras


Talvez amanheça menos amarga
talvez os versos sejam brandos
e talvez não haja mais nada

além dos sonhos.


Monica San

Tudo o que se quer


E tudo o que se queria o tempo todo
era aquele sorriso bobo
de quem amanheceu sem ter adormecido
de quem se perdeu por assim ter querido
e do presente fez eterno
num tempo que passa, sem ter se perdido.


Monica San

20 julho, 2012

Café das letras remember...

Hoje senti saudades do Café das letras... o orkut já não é o mesmo, nós já não somos os mesmos, a vida já... pois é, resolvi então resgatar um bom momento, de pouca lucidez, bons amigos e alegria na medida certa. Alguns não terão vontade de ler ao ver o tamanho do post, dos que se aventurarem nem todos conseguirão entender tudo, mas dos que entenderem, sei que alguns sentirão a mesma saudade que eu. Acho que vou provocar alguns sorrisos... isso por si, já terá valido a pena!
                                                             
                                                      .........................

               MANIFESTO sobre a poética arte de divagar a esmo...

Manifesto sobre a poética arte de divagar a esmo, testar, contestar, e atestar capacidades e incapacidades variadas.

Nota introdutória:

Em virtude de inúmeras manifestações de apreço, muitas vezes externadas, em outras apenas insinuadas e mais ainda não declaradas porém sentidas (por mim) à minha pessoa, venho agora fazer saber das minhas deliberações acerca do fazer poético nesta casa, através de um manifesto público e extensivo a todos os que comigo compartilharem e concordarem das linhas que seguem.

Manifesto

Parágrafo único - Da in-sanidade poética e de todas as licenças licenciadas e silenciadas nesta casa de poetas lúcidos, translúcidos, não tão lúcidos e lúdicos.

Faça-se saber que eu, Monica San, vulgo Moniquinha, Monka, Mon, Moni, etc sem ser tal, não sou, nunca fui nem pretendo ser mais poeta do que louca, ou mais louca do que poeta. Que ambas as denominações a mim atribuidas estão em plena consonância, e assim sendo confortáveis e bem resolvidas, gozando da mais pura harmonia poética.
Sendo assim, fica decretado que àqueles que me chamam ou chamaram de maluca, doida, louca, insana, absolvo de toda e qualquer culpa, prejuízo ou castigo.
E aos que me chamam de poeta, fique claro que o sou em tempo integral, sem prazo de validade, e por pura convicção de querer, ansiar, desejar ardentemente sê-lo.

Fica decretado por minha própria vontade e determinação, que todos os poemas de amor aqui serão bem vindos, sempre.Que todos os versos melados, todo lirismo apaixonado, todas as dores de amores e desamores, serão sempre respeitadas como um bem maior e valioso de cada poeta apaixonado e/ou apaixonante.

Que todos os desabafos, todos os desafetos acumulados, toda a ira enfatizada e enraízada nos versos e nas vísceras dos poetas serão tidas como grito poético e respeitadas como catarse, descarrego, ou prece, em nome da saúde mental e física, mas principalmente, em nome da poesia que, mesmo estando o poeta tísico, doente, desinspirado e desesperado, ainda sobre-vive e muitas vezes o salva.

Que toda melancolia, toda tristeza, toda agústia poetizada, seja por quais motivos forem serão sempre sorvidas e agradecidas por demonstrarem e atestarem a fragilidade do homem, ser humano e muitas vezes des-umano diante da vida.

Que falar de Deus, seja em nome dele ou contra ele, fica permitido desde que se tenha a certeza do quanto somos pequenos e imperfeitos, e que portanto não somos donos da verdade nem sobre Ele nem sobre coisa alguma. Que entre Deus e o diabo, o céu e o inferno, e entre a vida e a morte, existe um hiato do tamanho da nossa in-compreensão, da nossa in-capacidade, da nossa im-perfeição.
Que a fé será respeitada como algo pessoal, intransferível, e necessário porém não obrigatório, haja vista que sua falta gera questionamentos, elucubrações e dissertações de grande valor literário, o que atesta impreterivelmente, a fé (mesmo que renegada, desconhecida, inconsciente) do incrédulo, em si próprio e em suas convicções.

Que toda sensualidade, todo erotismo, toda lascívia demonstrados, decantados, versados, ou insinuados em entrelinhas será considerada manifestação pura e incontestável de energia transformadora, de verve transbordante, de vida pulsante, e portanto sorvida, degustada, sentida e apreendida como prazer oferecido e compartilhado. E que todo orgasmo, seja ele poético ou não, em nome da poesia será perdoado.

Por fim mas não menos importante, decreto, atesto e manifesto que o bom humor deve ser aqui preservado sempre, que o sorriso deve ser gratuito e extensivo a todos, que a amizade é um elo inquebrantável e essencial à manutenção da vida, e que toda lágrima aqui vertida sejam quais forem os motivos, deve converter-se em versos, a fim de que nada seja desperdiçado, tudo seja devidamente consumido e transformado de acordo com as leis da natureza. E que esta (a natureza) por sua vez, seja incansavelmente defendida e decantada como a única coisa perfeita e perfeitamente bela criada na face desse tão maltratado planeta Terra, incoerentemente chamado assim, uma vez que é formado em sua maioria de água, e portanto deveria ser chamado planeta Água, como sabiamente nos cantou o poeta Guilherme Arantes (que não é do nascimento, e portanto não é Pelé).

Que todas as minhas piadas infames e trocadilhos infelizes, como este acima, sejam perdoados em nome da licença poética**, e em nome da minha pouca lucidez assumida, do meu amor pela vida, e da minha pretensão poética.

**Consultar a Wikipédia.



Das disposições finais:

Qualquer semelhança deste, com algum caco perdido por aí, mais especificamente no poema Não... da Giu, vulgo florzinha (Café das letras), não é mera coincidência, nem obra do acaso. Que fique claro que puxei um gancho de lá pra cá, na intenção de exercitar minha criatividade, minha verve crônica e anacrónica, e de cronista, minha verve cômica capenga, meu sarcasmo irônico e anta-gônico, e também de testar a resistência, a paciência, e a inobservância dos amados e idolatrados colegas poetas, escrevinhadores e leitores.
Que meu pouco juízo, minha in-sanidade mental e poética, meus devaneios e minhas divagações fora dos limites da normalidade, sejam perdoadas não em nome do amor, como diria Oswaldo Montenegro "que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor, e a outra metade também", que em mim habita, jorra e transborda, o que já é público e notório, mas em nome da poesia, que me provoca, desconcentra, desconcerta, inquieta e me faz voar acima dos pensamentos e da racionalidade naturais dos seres humanamente normais e centrados.
E também em nome da falta de ter o que fazer na ausência da inspiração maior e potencial de uma poeta insone.

Por todas as verdades e in-verdades aqui proferidas, e também por todas as des-mentiras e possíveis falsas prerrogativas por mim convertidas aqui em pretensão textual, atesto o referido sem fé.



Monica San

18 julho, 2012

Adiante


Sempre que penso na paz imagino uma praia, os pés descalços pisando a areia quente e branca, o vento fresco batendo no rosto e desfiando os cabelos encaracolados, a maresia penetrando a alma e o corpo ondulando junto ao movimento das águas. Uma sensação gostosa de leveza, infinitude, encantamento. 

Não há mar, talvez por isso a paz esteja tão distante. 


Monica San

...

Não dormir seria uma boa opção hoje... não fechar os olhos, não sonhar, não ter medo de não acordar do pesadelo... que parece não ter fim.
 
MS

16 julho, 2012

Cantilena do frio

Pálidas tardes acinzentadas
incólumes do frio castigante

(o colorido sobrepuja o pálido
quando d'alma transborda)

Pobre alma que vazia e cinza
há dias já não sabe das cores
mais do que a ausência
castigo, consequência
de quem ama o azul e nele insiste
mesmo quando se desfaz

e tudo o que resta são sombras...
sombras, sobras, ais.
 Monica San
 

15 julho, 2012

Do frio e suas mazelas

Houve um dia tão frio, mas tão frio, que a língua se esqueceu da palavra, os olhos se perderam da luz e as mãos se fecharam como se nunca tivessem tocado pele ou pelos que trouxessem consigo o calor do sol.
E o frio se fez profundo, tão profundo, que tocou a poesia.  
Monica San

Cantilena

Seja alma
acalma seja
a pressa
seja essa
vontade tola
a toa
sem calma
seja leve
etérea e boa
seja breve
seja o beijo
o selo
etéreo
que ala
e avoa


Entoa
então e beija
d'alma seja
a pena...


e leve.

Monica San

14 julho, 2012

Ausência (ou da inspiração que se perdeu)




Hoje me falta um poema
sem rimas nem pretensões
apenas um poema
que chore ou ria por mim

que me avesse e silencie
e acalante o meu sono
enquanto os sonhos, despertos
brincam de não ter fim.
 Monica San
 

 





Da série pensando alto

Ninguém vive só de bom senso.
Alguns momentos pedem: pouco juízo, muita coragem,
e uma vontade desmedida de ser feliz (por um mínimo instante que seja).
Monica San

25 junho, 2012

Temporal

Tempo...
que de tão certo
se avessa ao gosto
foge desse intento
de incerto desgosto
torna falso contento
Tempo...
de contratempo
viés sempre oposto
de tanto ser avesso
certo, torna-se aposto!
Monica San

A gosto

Não me acusem de amarguras
ou pensamentos sombrios
sou as sombras, ou as sobras destes dias vazios

festejo a noite mas não enterro os dias
o amor não marca hora...

ah, não me acusem de romantismo tosco
apenas vivo ao gosto
do tempo, do amor, do vento que venta lá fora!

Monica San

09 junho, 2012

Se foi amor...

Acredito no amar
que se traduz em paz
no amor que se faz
e se desfaz
num simples abraçar

acredito em nós
quando o enlace ala
mas o bater das asas
só enleva
jamais separa.

Acredito no improvável
no imensurável ato
de se doar o todo
corpo, pele e alma
a outro

e ser ninho, aconchego
cansaço e fogo.

...

Mas há o momento
de ser rastro
o que antes foi lastro
e então se faz conta
do quanto fica

do quanto fica...

quando o amor mareia
e se faz partida.
Monica San

27 maio, 2012

Do que não se perde

Os dias passam a conta-gotas...

Lá se vão alguns risos soltos
alguns momentos de paz
e um bom tanto de alguma coisa
que se perdeu de nós.

Esforço a alma
pra que nem tudo se vá

as melhores sensações, guardo-as
junto aos meus melhores sorrisos
o que chamei de amor, deixo-o
feito chama pros teus dias frios

A mim, bastam os olhos fechados
o gosto, o cheiro, e o cansaço.


Monica San

26 maio, 2012

Desencanto

É sangria que desata
quando se desfaz o nó
quando o coração desanda
e de nós se desencanta
às voltas de ser um só.

 Monica San

22 maio, 2012

Se queres amar, pois que...

E por amor, assim, como quem 
nada tem a perder
é que se percebe aos risos, sem motivos
é que se perdem noites de sono 
sem que o sono venha
e se espera e desespera sem que haja
promessas ou contratos firmados


Tudo pelo simples ato de amar
mesmo que de amar pouco se entenda
que do sentimento pouco se saiba
e que o amanhã traga mais incertezas
do que razões para largos sorrisos


mesmo que seja pouco, louco ou breve
ou um pouco de tudo isso
mesmo assim, aos goles, é que se embriaga
e de tanto querer, transborda-se 
a taça.

Monica San

Em tese





"O verdadeiro amor
tem asas sempre prontas ao vôo
mas desconhece a vontade de voar."


Monica San

08 maio, 2012

D'amor

Compreender o tempo do amor
aceitar o tempo de amar
ser brando - tal o tempo da flor
quem dera amor... quem dera!
Monica San

Há que se amar até a exaustão da alma
e só assim saber-se-á, não da rima dolorida
mas do verso perfeito, não da felicidde plena
mas da plenitude de um breve momento.
                                                                                                                                Monica San

06 maio, 2012

Pensando alto

"Bendito oficio que dá ao poeta o dom de costurar mágoas e tecer poemas!
Sofrer liricamente é quase um consolo!"
MS

D'espera



Se há paz entre abraços
há braços que entrelaçam
desalinham, descontrolam
e afastam aparente calma


distância de corpos e almas
que de momentos vazios
faz eterna a falta
insuportáveis e frágeis horas
em que o corpo agoniza
ausência e frio.


Incompreensível demais esse querer!


Das asas
sabe-se apenas o ninho
que vazio, aguarda.


Monica San

23 abril, 2012

Sensações



Aos poucos o corpo arrefece
o Sol dá lugar ao cinza
o riso empalidece, amarelado
inverno anunciado...

Deus nos livre a alma
do frio que corta os ossos!


Monica San

27 março, 2012

Há braços





Pode um mundo inteiro
caber num abraço
sem que haja tempo
contratempo ou cansaço
Pode o meu no teu ser pedaço
de um todo que encaixa
e em nós se faz laço.


Monica San

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