
28 janeiro, 2010
25 janeiro, 2010
Soneto a Eros e Psiquê

Num aparte da nossa oração conjugada
nossos verbos tocaram um acorde infinito
nosso eco rompeu viscerais madrugadas
nossas partes fundidas num coito balido
Foste o grito em meu ventre há muito perdido
Fui teu ego acalmado na chama sentida
minha pele em teu corpo, o frio aquecido
teu prazer em min'alma, um sopro de vida!
Nosso algoz foi o tempo cravando o passado
no leito onde Eros transbordava seu leite
Despertando a Psiquê no aparte do amado
jorra o sangue vertendo lembranças tardias
de um ardor trespassado no puro deleite
acordando, d'um sopro, duas almas vadias!
Monica San
19 janeiro, 2010
Sementeira

Tenho buscado em linhas
por vezes rotas e tortas
a sutileza
das verdades universais
a objetividade
das conclusões imprescindíveis
a sobriedade
dos momentos silenciosos
as certezas mais simples
as palavras mais certas
o pouco que alimenta
a alma carente de crenças
Mas hoje, preciso da fartura
da gula que se sobrepõe
da falta que transcende
buscando os excessos
Preciso do grito que mata o silêncio
e fala de uma dor escancarada
de um amor negado, um corpo cansado
Preciso do útero sangrando
pedindo pra se fazer fecundo
e ser vida em contrapartida
desafiando as dores do mundo
E preciso da língua
essa, que extrapola limites
que desvenda sabores
intercalando fendas,
transpondo vertentes
ou fragmentando acidamente
hipocrisias e idolatrias
Preciso dela trazendo à boca
o gosto tácito da febre insana
que me compõe de sabores mórbidos
que me transpõe numa ânsia louca
e faz do corpo só um invólucro
da alma livre que não contenta
do amor que abunda e não se cansa
de semear a palavra viva.
Monica San
17 janeiro, 2010
04 janeiro, 2010
Presa

Queria que teus olhos fossem menos pontiagudos. Que não me trespassassem assim, como se minha carne não oferecesse resistência alguma ao teu sal e ao vinagre da tua saliva. Dispões das minhas partes como a preparar o teu banquete, mas limita-se a degustar lentamente como se teu apetite ainda estivesse morno.
Ainda sangro.
Enquanto afias teus caninos em outros ossos, de presas já devoradas, por certo mais saborosas ou mais "ao ponto" que eu.
Ainda sangro.
Enquanto me preparas, a fogo lento, para adornar a tua mesa e fazer parte do teu banquete.
Ainda sangro ao sentir o teu apetite e imaginar a força dos teus dentes, mas agora, meu sangue é a lava que escorre do teu vulcão em chamas, quando me chamas para saciar a tua fome.
Entre teus dentes encontro meu ponto.
E meu sangue escorre, quente, pelos cantos da tua boca.
Monica San
Segredos
Necrológio
Incógnita
Meus olhos se fecham
meus lábios se calam
quando tudo é noite
você amanhece
e incendeia o meu dia
Quem foi que te plantou
na linha do meu horizonte?
Monica San
meus lábios se calam
quando tudo é noite
você amanhece
e incendeia o meu dia
Quem foi que te plantou
na linha do meu horizonte?
Monica San
Amanhece em mim

É negra e quente
a noite que me recolhe
e abarca o meu cansaço
antes deleite
no calor do teu braço
Enlaça meu sonhos
ao sabor de um beijo
insinuado ao longe
mas tão meu, tão desejo!
É quente e negra a noite
como são negros e quentes
os teus olhos de açoite.
Mas quando a noite se vai
é você quem amanhece
e me faz dia
quente, claro, e feliz.
Monica San
Invento um amor
Abro-te o caminho das pedras
e entre elas escavas
sobrepujando tuas mãos
ao que há de mais interno
inferno das minhas entranhas!
Meus guardados aos poucos
ganhas na ânsia louca
de ser mais invasor e dono
do que convidado
a suprir-me o vão do abandono.
Deixo que te adones dos vãos
e também dos sulcos úmidos
que te sintas em casa
penetrando meus cômodos
e incômodos, pária imundo!
E te reservo,
num intento mais profundo
o prazer do gozo arrancado
na dor do amor inventado.
E me vingo, covardemente
da solidão insistente
e do beijo, que nunca foi dado.
Monica San
e entre elas escavas
sobrepujando tuas mãos
ao que há de mais interno
inferno das minhas entranhas!
Meus guardados aos poucos
ganhas na ânsia louca
de ser mais invasor e dono
do que convidado
a suprir-me o vão do abandono.
Deixo que te adones dos vãos
e também dos sulcos úmidos
que te sintas em casa
penetrando meus cômodos
e incômodos, pária imundo!
E te reservo,
num intento mais profundo
o prazer do gozo arrancado
na dor do amor inventado.
E me vingo, covardemente
da solidão insistente
e do beijo, que nunca foi dado.
Monica San
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