13 dezembro, 2010

Drama, ato único

 Nada do que salta à língua é pleno, nada do que salta aos olhos é real, nada do que me explode em cólicas e grito é o que realmente me vem explícito à mente. Mente minha língua mesmo quando afiada, é faca que não corta nem água.
Implodo tantas e tantas vezes ao dia que sou escombros de mim ao longo do que nem sei ao certo se um dia foi chão firme ou sempre deserto.
Se grito sou eco perdido na imensidão, se choro, senão.
Se poeta me sinto, minto; a poesia que eclode é sintoma, não mais que isso.  Doença terminal de quem ama a despeito das rimas contrárias. 

Se dói é porque sinto, se sinto é porque amo, se amo não minto mas inflamo e ardo como se lentamente morresse.
Como se a poesia me valesse doer até o fim.
E no fim, como se um ponto realmente definisse o indefinível, verso o ocaso como se o sol não mais viesse.
E morro, todos os dias, como se poeta fosse.


Monica San

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