22 novembro, 2011

Viandante, via nada

Hei de ser um dia poeta!
Daqueles bem metafóricos
dos que olham além dos olhos
e transformam tudo em signos
Falarei pelas beiradas
e beijarei com os olhos
as coisas mais estranhas e tortas
e às normalices dessa vida
tão enfadonhas e desinteressantes
darei os ombros e a língua
numa atitude infantil e boba
mas com a alegria de quem ouve sinos
em dia de natal e neve imaginária
E assim estarei mais próxima da felicidade
desta que os poemas tanto falam
e os poetas tanto sabem (...)
Por ora, basta-me a companhia solitária
dos verbetes mal conjugados
das idéias inóspitas e sem assento
que em noites mal dormidas
corrompem essa pobre alma agoniada.
Enquanto nesta ilusão de deixar de ser nada
a vida vai passando - vou por ela, ela por mim
enquanto poesia viajante, enquanto poeta estrada.

Monica San

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