02 agosto, 2009

Estranhamento

Olhei com horror a sombra negra que manchava o quase verde, tantas vezes iluminado pela gana de viver. Fitei os longos fios brancos, que se espalhavam rapidamente sob as lembranças, as
angústias, e os sonhos empoeirados e perdidos no meio de tanto lixo acumulado.
Tentei em vão arrumá-los, escondê-los, mas destacavam-se sobre o pouco viço que restou de um
tempo menos árido.
Vi as águas represadas a duras penas, neste tempo, escorrerem por vincos prematuros e profundos.
E senti estranheza, e solidão.

Já não havia brilho, nem verde, nem viço... apenas o reflexo vazio, de um olhar morto. Decidi sepultar as lembranças e abracei-me com força.
Dos meus braços penderam quilos e quilos de culpa.

Cansada, resolvi comprar um espelho novo.

Monica San

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Respeite os direitos autorais