31 março, 2009

Amar, ato único

Preciso de um tempo pra um mergulho!

Abrir-me em vôo livre nessa infinitude
que me traga e faz de mim uma estranha
dentro do meu próprio ninho.

Fiz das dores que me sangravam o peito
versos cravados nos olhares mesquinhos
que tentavam desnudar-me cruelmente

Fiz das madrugadas negras e solitárias
linhas tecidas em pura melancolia ou
ardorosas, ousadas, e deliciosamente lascivas.

Ironizei e satirizei a miséria que me rondava
em poemas metrificados, sonetos bem talhados
e ri do meu próprio sarcasmo, satisfeita.

Declarei amores impossíveis e equivocados
só pelo gosto de sentir-me plena, transbordante
como só quem ama é capaz de sentir-se.

Mas agora, que as dores já não sangram
que as madrugadas já não são tão vazias
nem a miséria ou a mesquinhez do mundo
são capazes de me tirar o sono e a calma

e, que já não amo equivocadamente
mas por outra, o sinto (o amor) plenamente
curiosamente, faltam-me os versos.

Ou será que me sobram?

Sei,
é que tem um sorriso bobo estampado no rosto
de quem deixou a poesia transbordar
e se fez poema, no simples ato de amar!

Monica San

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