28 junho, 2009

Em tempo

Tenho maculado minhas "ricas" horas
com a branquidão cruel do vazio.

Por maiores que sejam os pensamentos
sinto como se fossem tão vagos
quanto a certeza do dia seguinte.

Por maiores que sejam os sonhos
sinto como se não fossem merecedores
de versos, rimas, ou de um discurso poético
que valha fechar os olhos sem culpas ou medos.

Por melhores ou piores que sejam meus momentos
não os sinto capazes de compor um poema
de estenderem-se num lirismo contemplativo
capaz de iluminar e tocar os olhos alheios.

Sinto que meus versos estão secos e retorcidos
feito a paisagem do sertão, castigado pela ausência
ausência de água, ausência de vida, ausência de Deus.

A areia escorre...e o tempo se transforma
num grande e solitário deserto.

Penso, que talvez haja um abismo
entre o poeta e sua inspiração
um abismo que ensina que é preciso olhar além
que é preciso acreditar que o impossível não existe
e apostar naquilo que não se pode tocar
mas que se pode sentir.

É preciso não temer o infinito (esse desconhecido)
e deixar que a poesia crie asas
para transpor o abismo.

Monica San

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