14 fevereiro, 2010

Guerra e paz II

“ Os animais lutam, mas não fazem guerra. O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executa entusiasticamente e em grandes dimensões. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior. ”  Hans Magnus Enzensberger, Guerra Civil


O poder corrompe ou seduz? Ser superior, sobrepor-se a outros iguais, contrariar as leis e a ordem da natureza em nome de que?
O que faz o homem, único animal racional da terra, tornar-se irracional a ponto de acreditar que pode mesmo ser melhor e maior do que seu semelhante?

Viemos do mesmo barro, nascemos pelas mesmas vias e das mesmas raízes, temos a mesma composição física e o mesmo aparato cognitivo que nos torna únicos dentre todos os viventes. Temos, determinada, uma única certeza: a de que não somos imortais e de que nosso tempo é contado e findável, não importa o tamanho ou o valor daquilo que construímos no tempo que nos é cedido pela criação.
Somos únicos, mas não os primeiros seres viventes a povoar a terra.
Onde e quando foi que a racionalidade nos fez ignorar nossa inferioridade diante da criação? Nossas fraquezas e imperfeições diante da vida?

Aprender é uma capacidade natural do homem, e o livre arbítrio nos proporciona escolher a escola que pretendemos seguir.
A vida nos oferece a melhor escolha e nos voltamos contra ela, forjando nossos próprios interesses através do que julgamos mais importante não para a manutenção das nossas capacidades e potencialidades em nome da vida, mas para garantir uma posição de superioridade e poder que nos mantenha em segurança e distantes da fragilidade natural do ser humano.

À medida em que nos distanciamos do imperfeito julgando-nos próximos da perfeição, que é objetivo e obsessão do "bicho homem", nos tornamos ainda mais frágeis, falhos e distantes das respostas que tanto buscamos. A racionalidade desmedida e descontrolada nos afasta da razão.
Criamos guerras e nos esquecemos de plantar a paz. Lutamos pela posse daquilo que não nos pertence, mas nos foi dado como exemplo a seguir, e não seguimos. Do que nos foi confiado para cuidar, e não cuidamos. Do que nos foi doado para a sustentabilidade da própria vida humana e nós insistimos em destruir e dizimar. Em nome de que?

Criamos guerras, matamos, morremos, choramos e sofremos perdas irreparáveis, e não nos esquecemos de culpar a Deus pelos crimes que cometemos. Até mesmo quando nos afirmamos céticos de sua existência.
E quando sofremos as consequências das nossas ações, também o culpamos por ser vingativo e impor ao homem o castigo por seus atos nem sempre impensados.
Derrubamos árvores, arrancamos flores, poluímos rios, maltratamos a terra, e colhemos os frutos podres da nossa própria ignorância e arrogância.

Nos esquecemos da única coisa realmente definitiva e justa nessa vida, e sonhamos com uma morte dígna e o descanso na paz eterna.

Não se colhe, aquilo que não se planta.

Monica San

Um comentário:

  1. Moniquinha minha linda!
    Adoro seus escritos.acho que nem preciso falar!


    Lá no meu blog tem um sêlo que eu indiquei pra você quando for possível passa lá e pega.
    Beijão!

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