20 dezembro, 2010
De pesares e de quereres
e o tempo não valha a morte que encerra essa caminhada
mesmo que pese aos olhos o breu da noite embotada
e o corpo quede, esparso, no arrego da longa estrada
Ainda assim haja sonhos que os olhos não adormeçam
e beijos de amor carregados, que os lábios jamais esqueçam.
Monica San
Contação
13 dezembro, 2010
Drama, ato único
Implodo tantas e tantas vezes ao dia que sou escombros de mim ao longo do que nem sei ao certo se um dia foi chão firme ou sempre deserto.
Se grito sou eco perdido na imensidão, se choro, senão.
Se poeta me sinto, minto; a poesia que eclode é sintoma, não mais que isso. Doença terminal de quem ama a despeito das rimas contrárias.
Se dói é porque sinto, se sinto é porque amo, se amo não minto mas inflamo e ardo como se lentamente morresse.
Como se a poesia me valesse doer até o fim.
E no fim, como se um ponto realmente definisse o indefinível, verso o ocaso como se o sol não mais viesse.
E morro, todos os dias, como se poeta fosse.
Monica San
17 novembro, 2010
Nós
não se param ponteiros
por mais que perfeitos
sejam o tempo
ou o verbo
não se desfazem nós
sem aparte
e a parte que me toca
são os nós que de nós
se fazem
Com efeito
não há futuro perfeito
ou mais que isso
mas presentes
enlaçados por nós.
Monica San
31 outubro, 2010
Insaciedade
Bússola
Acolho entre as pernas
o sal do teu corpo
somos mar
a revelia um do outro
se amar nos concerne
somos vento
em vela soprando...
e então somos rumo.
Monica San
23 outubro, 2010
Decisão
Decidir nosso destino numa urna, colocar o futuro em mãos incertas na esperança de que outrém faça por nós o que nós mesmos não somos capazes de fazer. Cuidar da vida.
É bem mais fácil esperar pela providência divina ou dependurar nossas expectativas no ombro alheio do que acordar para o tamanho de nossa responsabilidade dentro do atual cenário que vislumbramos.
É certo que uma população de milhões precisa de representantes para as tarefas mais difíceis, para as decisões que demandam o uso e o conhecimento de leis, estratégias econômicas, diplomacia no trato com outros governos de outros países, e outras tantas atribuições que recaem sobre os ombros daqueles que se aventuram a abraçar as causas políticas.
Mas na verdade, os maiores complicadores destas decisões e ações são nossas próprias atitudes. Tornamos a vida bem mais difícil do que ela realmente é. E atribuímos às suas dificuldades as nossas derrotas e revoltas, quase nunca reconhecendo nossas falhas e nossa incapacidade de lidar com o simples.
A questão é mundial, é humana, o homem trocou seus valores pessoais por conceitos fabricados, trocou sua dignidade por moedas, e aprendeu a vender a vida, seu único bem, a preço de banana. (levando-se em conta aqui, apenas o valor monetário da fruta e não o valor nutritivo,o único real). E foi o próprio homem quem começou tudo isso, não se sabe bem quando nem como.
Mas o que realmente deveria interessar é o "acordar" destes valores perdidos, o despertar para o simples, para o essencial.
O cuidar de um filho, por exemplo, como um presente de Deus, não como uma árdua tarefa ou obrigação. O cuidar da natureza como a manutenção da vida, como preparar um futuro que apesar de incerto, pode ser sempre melhor. O cuidar do "outro" como se a si mesmo estivesse cuidando, pois que "não há vida que independa de outra vida".
Meu desprezo aqui, pode custar uma vida do outro lado do mundo.
Não importa quem venha a governar este país, se não tomarmos a única decisão que realmente importa: acordar para o que se perdeu e reaprender a cuidar da vida.
13 outubro, 2010
Solitude
tão inútil quanto absurdo
até a última gota
e outros tantos virão
agonizantes e intermináveis
dias dobráveis
hermeticamente acondicionáveis
neste "estar no mundo"
dias passáveis
salvos por noites incontáveis
em que só, se é de um tudo.
Monica San
12 outubro, 2010
Artimanha
que no verso é prosa
morna e lenta
essa malemolência sem jeito
e sem proveito
que se perde nos vãos
escorre vontades
por cantos velados
e arde
Esse silêncio
é balbúrdia e é alarde
paz sem parte alguma
é pura arte.
Monica San
08 outubro, 2010
Na onda
Era o seu momento êxtase (ou crak), em ondas gigantes.
Eu, em mim, despertava o momento ira. Raiva do mundo, raiva da vida, raiva da onda.
Dessa "onda" de permissividade coletiva.
Dos olhos que nada vêm, e das mãos que nada fazem.
Da justiça, que às cegas, tateia.
Monica San
19 setembro, 2010
Nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida. (J Saramago)
Sigo no twiter (ainda a passos lentos) o Juíz Evandro Pelarin, da cidade de Fernandópolis que adotou em 2005 o "toque de acolher", uma medida que vem reduzindo não só a presença de menores em situações de risco nas ruas, mas também os índices de criminalidade juvenil.
Posto a seguir alguns trechos do texto postado em seu blog há três dias atrás, e recomendo a leitura não apenas deste mas de vários onde pode-se acompanhar a seriedade de seu trabalho, a preocupação e o cuidado com assuntos delicados e urgentes de serem pensados e solucionados, e os resultados que vêm sendo obtidos quando estes cuidados são colocados em prática.
"...atualmente, existe uma ameaça real e crescente que aterroriza todo o Brasil, e não apenas nossa cidade. São as drogas, que vêm destruindo a juventude, suas famílias e a sociedade, fazendo-nos reféns de doentes drogados e, principalmente, de traficantes que se valem de atos criminosos extremamente graves, como homicídios, roubos violentos e estupros. Tudo isso tem o poder de provocar pânico e efeito paralisante. Mas, não entre nós, que decidimos lutar e enfrentar esse mal com toda a nossa força, sempre rogando a proteção de Deus e sob o império da lei.
E pela responsabilidade cristã e aquela que a lei nos atribui, passados cinco anos, nós não apenas alertamos a população e as famílias fernandopolenses. Assim como nos ensinou o antigo morador da ‘PM 10 Downing Street’, nós adotamos medidas concretas, efetivas, para tentar afastar o mal de nosso meio. Para tanto, o toque de acolher, o toque escolar, a permanente vigilância aos maus tratos às crianças por meio do SIBE (síndrome do bebê espancado), a inclusão de menores carentes no mercado de trabalho e o tratamento de menores viciados nas melhores clínicas de recuperação do Estado são algumas das medidas aqui implementadas, cuja finalidade última é a segurança social, à medida que se valoriza a família, a escola, o trabalho e a paz."
"Nossas adversidades, contudo, não são apenas as drogas e seus crimes. Há pessoas e autoridades, nesta cidade e fora daqui, que, ou por desdenhar da força dos entorpecentes e dos crimes que os envolvem, ou por entender que nós é que estamos sempre errados, ou por outras razões, entre elas, talvez, algumas no campo das vaidades, ao invés de se ajuntarem a nós, em nossa luta, essas pessoas e autoridades combatem o nosso esforço; e assim o fazem, em várias frentes, sistematicamente. Isso dificulta, sobremaneira, a nossa tarefa; pois, além do foco principal de nosso trabalho, ainda temos que dispor de tempo para responder a algumas acusações que nos lançam."
"De todo o modo, e mesmo assim, afirmamos, e cada vez com mais fôlego, que um sério e terrível espectro nos ronda. São as drogas, que alavancam crimes e mais crimes, não escolhendo classe social, sexo, cor ou idade entre suas vítimas. E mesmo diante de todas as dificuldades e contrariedades, temos que manter a fé, a confiança e o nosso trabalho em curso que, certamente, não cessa, não esmorece."
Evandro Pelarin
Para ler o texto na íntegra, acesse: Blog do Evandro Pelarin
18 setembro, 2010
A espera das flores
Quando enfim os botões q'inda estão entreabertos
alargarem sorrisos nos lábios incertos
Quando os tons de carmim que outrora cingidos
se fizerem presentes nos lábios unidos
Há de ser primavera rendendo o outono
desfazendo no abraço os nós do abandono
Há de o canto das aves soar na alvorada
anunciando que é tempo de amar e mais nada
Quando houver o meu riso no teu desaguado
corredeira dos sonhos há tanto dormidos
e no amor nos fizermos de dois um só ato
saberei das manhãs que jamais floresciam
que eram noites dormentes de olhares perdidos
e que em vãos eloquentes às flores bramiam.
Monica San
"Ora pro nobis"
28 agosto, 2010
Destempero
O que nunca para
ora dispara
ora estanca
o que nunca anda
ora parece voar
Esse mesmo que dá
também sabe tirar
Maldito Senhor das horas!
Ai de mim,
que não tenho asas!
Ai das horas
que não sei calar.
Monica San
03 julho, 2010
Cale-se
O eco percorreu o córtex e calou.
Agora o silêncio me espreita.
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade

De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira

Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cálice!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cálice!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cálice!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cálice!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cálice!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cálice!)
23 junho, 2010
Maresia
e na orla o pequeno grão
mareia, mareia
tão pequeno mar a dentro
(marzão de vida)!
mar a dentro
mar a fora
mareia, mareia
ora vazante
ora cheia.
Monica San
19 junho, 2010
Des(a)tino
que de marasmo mareja.
Desassossego na inércia é contrasenso.
Que senso em tanto desatino?
Desatinar em consenso
é desafinar no próprio fio,
no meio fio,
no fio condutor
que condiz mas não conduz a nada.
Des/fia,des/afia,des/ata.
Des/propósito mesmo
é estar cheia de nada,
vazia de tudo
e de palavras sem nexo
e sexo sem palavras
estar complexo
nesse sem fim de estrada.
Monica San
03 junho, 2010
"C'est la vie"
Não que haja um desejo real em desfazer-se do corpo, ou das penas e dos pesos de se estar vivo, mas uma necessidade tão grande e gritante de fechar-se o todo em copas e ser nada mais do que um vulto passado. Deixar-se encerrar sem que as contas sejam feitas, os pesos medidos e as arestas aparadas.
Ser apenas mais um sopro, que cessou num suspiro último de alívio, ou de dor.
Há dias, em que morrer é mera questão de cerrar os olhos pois que a alma já fenece enquanto os dias correm e as noites se deitam sobre o corpo cansado.
Mas quão difícil se faz cerrar os olhos quando o corpo, ainda que abatido, insiste em pulsar.
(Ouvindo La Vie en rose... já que pulsa, aproveita pra sonhar)
Monica San
18 maio, 2010
(Par)seria
Desfeitos
nós
soltos
pares apartes
pontes partidas
pontas perdidas
sós
apenas
partes do todo
pares da vida.
Monica San
08 maio, 2010
Dia das mães
Seis meses, e ainda falta lógica.
E sobram saudades, muitas saudades.
No sorriso que ainda se faz presente
compenso meu dia das mães
e me espelho.
É tanta luz, é tanto amor
tanta saudade.
Navalha
Do gosto, desgosto e de tudo
esse sal de desejo abortado
esse fel de paixão dolorida
não é morte, nem nada nem vida.
É delírio de corpo esquecido
é destino sem traço corrido
desatino sem caso pensado
desferindo esse rasgo no lado.
Sangra o gosto sem gosto de tudo
arde o corte que estanca no mundo
rasga o verbo que cala meu peito
torna em mim essa dor desse jeito
tão sem fim que parece absurdo
tão sem jeito de nada, contudo.
Monica San
24 abril, 2010
Lacuna
14 abril, 2010
13 abril, 2010
Tautogramas
Momentos mórbidos
melancolia
maledicência
mal, moléstias
Mares morrendo
menos maresia
menos mágicos
momentos
Mais malefícios
maltratos
morticídio
meninos
molambentos
mães
meras meninas
mais mulheres
menos magia
meninos morrendo
mendigos
meio mortos
marejando
meio-fio
Mutismo
mutretas
mau-caratismo
malogro
mentes massificadas
monstros moucos
malandragem mascarada
muitas mentiras
Mortes manipuladas
Meros
M
A N
R O E
I T E
S mal-articulados!
Des(afiados)
Desafio dos deuses!
des(afiados)
desatinados
discorremos
des(afinados)
Degladiadores
destemidos
desdenhamos
desconhecidos
Derrotamos
dúvidas dementes
destroçamos
ditos decadentes
disfarçamos dores
desarmamos
desamores
declamamos
dissabores
desenhamos
dias doces
degustamos
dias "decolores"!
Auto-in(definição)
Ato átomos
antagonizo
atos autógenos
atrevo-me
autodefino-me
autônoma
autômata
auto-suficiente
auto-didata
altruísta
anti-racista
anti-capitalista
ativista atípica
ante atitudes
anti-vida
atrevida??
Antes assim.
Monica San
12 abril, 2010
Interstício
Havia um outono entre nós.
O calor da primavera já se ia, levando com ele a alegria e as cores amanhecidas a dois; o sol, um dragão adormecido, me fazia cárcere à sombra dos últimos dias com gosto de fruta fresca.
Restavam as lembranças esmaecidas, que se deitavam ao vento e congelavam à espera de outros amanheceres ensolarados.
E a nuance acinzentada do teu olhar outonal.
E o inverno, que se fez antes do tempo.
Monica San
11 abril, 2010
08 abril, 2010
Tísico
a cópula
das minhas inquietudes
e a madrugada
meu tempo fértil
meus dias jamais nasceriam
seriam escarrados
feito tubérculos
arrancados
e definhariam
minuto a minuto
como se viver
não fosse nada mais
do que esperar pela morte.
Ainda anoiteço
como se adormecer
fosse cultivar um novo dia
anoiteço,
e planto sonhos
e espero a morte
hora a hora
ora vida
ora agonia.
29 março, 2010
Páscoa, Chico Xavier, amor e fé... um pouco de tudo
Gostaria que as pessoas vissem a religião não como uma tábua de salvação ou um bilhete que abra as portas do céu, mas como um adubo poderoso que nos fortalece e protege contra as ervas daninhas, contra as pragas, contra as intempéries do tempo que maltratam e prejudicam o nosso crescimento. E, sendo assim, que independente do credo ou doutrina escolhidos, os homens soubessem crescer sem sombrear ou sufocar um seu igual. Que aprendessem a unir-se em nome de uma única crença: o amor ao próximo. E que a paz não fosse algo tão utópico, e tão distante do coração do homem.
Gostaria que a Páscoa fosse, para todas as crenças, um momento de renascimento, de vida nova, de amor e de fé. Que os ovos de chocolate simbolizassem apenas a festa da vida, a comunhão entre entes queridos, a presença de Deus em nossas vidas através de um momento de alegria.
Não vejo Chico Xavier como um espírita, mas como uma alma caridosa e plena do amor de Deus. Um exemplo, portanto, de humildade e fé.
Não importa o credo que professemos ou a doutrina que escolhamos para seguir, importa o quanto nos fazemos merecedores do amor de Deus, e quanto somos capazes de compartilhar este amor.
24 março, 2010
Beautiful Blogger para o Poesia em Pétalas

Primeiro, agradeço o carinho do Artur em lembrar-se do meu trabalho, é um orgulho para mim saber que pessoas sensíveis e inteligentes deixam-se tocar e envolver pelos meus escritos.
Obrigada poetinha querido, você mora no meu coração!
Agora sobre mim... sete coisas interessantes:
(ainda bem que não são sete coisas inconfessáveis)
1- Sou uma pessoa sincera, procuro ser sempre, mesmo que as vezes isso possa magoar alguém ou a mim mesma;
2- sou teimosa e as vezes turrona, mas sei reconhecer quando estou errada;
3- choro a toa, mas não deixo de sorrir por mais que a vida esteja difícil;
4- sou muito positiva, sempre procuro ver o lado bom das coisas e acreditar em dias melhores;
5- tenho uma dificuldade enorme em falar sobre mim, por isso estou sofrendo para completar essa listinha;
6- sou apaixonada pela vida, pelos meus filhos, pela minha família;
7- acredito no amor, mesmo contra a vontade da maioria.
Agora os 7 Beautifuls:
1- A Página da vida - Sidinei Ribeiro
2- Mulheres nuas - Paulinho Dhi Andrade
3- Versos profanos - Maria Quitéria
4- Bar do Rafa - Rafael Marchesin
5- Blog da Cris - Cris Linardi
6- Em foco - Taty Cidreira
7- Falópios - Revista eletrônica feminina
28 fevereiro, 2010
22 fevereiro, 2010
AVSEAS
desse vazio insistente

dessa falta que nunca contenta
Não sei dos pontinhos que seguem
um a um, numa eterna reticência
como se o final não fosse um ponto
a ser alcançado,
mas uma constelação
iluminada, bela e distante
cuja simples contemplação valha
tantas perguntas lançadas a esmo.
Não sei muito bem o que é o saber
tampouco sei querê-lo bem
deixo aos sábios a alegoria da iluminação
no universo que se descortina aos seus olhos
no poder das mãos que garimpam segredos
na eloquência e na magia das palavras
que fazem bramir os deuses aprisionados
na egolatria da essência humana.
Não sei muito bem nem da ignorância
desta falta de saber prepotente
arrogante e proposital
que me faz distante, incólume e aversa
ao saber que corrompe
à luz que transcende e trespassa
reduzindo o obscuro a mera impressão
e fazendo da noite um mistério insignificante.
Não sei, e por não saber me resigno
não me aniquilo, nem me submeto
por outra, mais que isso, me comprometo
a não saber mais do que o pouco contento
que me faz viva, contemplativa, e sabedora
da condição humana
imperfeita, frágil e eternamente inquieta.
E assim me faço, refaço, e vivo
à margem do saber dos sábios
mas bem no centro, no cerne
das perguntas que movem o mundo.
Monica San
(o título é um anagrama da palavra AVESSA, talvez uma brincadeira, talvez não)
15 fevereiro, 2010
Eu penso... e quando penso, sinto vergonha de apenas pensar.
"Escolhi esta imagem pela tradução simples e pela beleza inocente de quem realmente "brinca" o carnaval. Que bom seria se o espírito lúdico fosse preservado, e "cair na folia" significasse simplesmente um raro e valioso momento de alegria"
Fiquei pensando no quanto o carnaval é capaz de mobilizar pessoas, mudar rotinas, hábitos, conceitos. Criar situações, mascarar realidades, subjugar necessidades, adiar urgências, forjar atitudes.
Mas também fiquei pensando no quanto o homem é manipulador e agressor da sua própria essência.
O carnaval é parte significativa da nossa cultura, parte da formação de nosso povo, das nossas memórias, da nossa história. É patrimônio cultural portanto, e cuidado com tanta dedicação em nosso país, que é natural chamar a atenção de outros países, encantar outras culturas, despertar a curiosidade de outras "civilizações".
O que não se justifica, é que em nome desta festa que muitas vezes serve de alento para um povo tão sofrido, seja subjugada uma situação tão crítica e tão urgente que castigou o país nos últimos dias.
Acabamos de presenciar a dor de famílias inteiras que perderam entes queridos, perderam suas casas, perderam o pouco que possuíam nas enchentes que devastaram várias regiões por todo país. Também acompanhamos a tragédia de um país assolado pelo terremoto que matou milhares de pessoas, entre elas, muitos brasileiros.
E mesmo diante deste cenário lamentável, da tristeza e da incapacidade humana perante a natureza, que cobra (justamente) nossas atitudes impensadas e irresponsáveis, mesmo assim achamos um jeito de fechar nossos olhos e dar de ombros às reais necessidades do momento.
Nos encantamos com a presença de uma "pop star" mundial no carnaval brasileiro, aclamamos sua "boa vontade" e "humildade" em pisar o nosso solo, visitar comunidades carentes, falar de projetos sociais e acenar seus dólares aos "pobres diabos" que carecem de atenção e alegria.
E nos esquecemos, mais uma vez, do quanto somos responsáveis pelas nossas ações.
Claro que não é errado curtir o carnaval nem é pecado gostar da Madonna, mas será justo que tantas vidas inocentes sejam subjugadas e deixadas em segundo plano quando o grito do momento é: "Viva a Madonna ou Olha a Beija-flor aí gente!!"?
Até quando vamos usar de subterfúgios e elencar eventos de grande monta como valores superiores e compensadores das milhares de vidas que deixamos perderem-se pelo caminho?
Até quando, vamos sambar pela avenida a espera das cinzas da quarta-feira?
Monica San

14 fevereiro, 2010
Guerra e paz II

O poder corrompe ou seduz? Ser superior, sobrepor-se a outros iguais, contrariar as leis e a ordem da natureza em nome de que?
O que faz o homem, único animal racional da terra, tornar-se irracional a ponto de acreditar que pode mesmo ser melhor e maior do que seu semelhante?
Viemos do mesmo barro, nascemos pelas mesmas vias e das mesmas raízes, temos a mesma composição física e o mesmo aparato cognitivo que nos torna únicos dentre todos os viventes. Temos, determinada, uma única certeza: a de que não somos imortais e de que nosso tempo é contado e findável, não importa o tamanho ou o valor daquilo que construímos no tempo que nos é cedido pela criação.
Somos únicos, mas não os primeiros seres viventes a povoar a terra.
Onde e quando foi que a racionalidade nos fez ignorar nossa inferioridade diante da criação? Nossas fraquezas e imperfeições diante da vida?
Aprender é uma capacidade natural do homem, e o livre arbítrio nos proporciona escolher a escola que pretendemos seguir.
A vida nos oferece a melhor escolha e nos voltamos contra ela, forjando nossos próprios interesses através do que julgamos mais importante não para a manutenção das nossas capacidades e potencialidades em nome da vida, mas para garantir uma posição de superioridade e poder que nos mantenha em segurança e distantes da fragilidade natural do ser humano.
À medida em que nos distanciamos do imperfeito julgando-nos próximos da perfeição, que é objetivo e obsessão do "bicho homem", nos tornamos ainda mais frágeis, falhos e distantes das respostas que tanto buscamos. A racionalidade desmedida e descontrolada nos afasta da razão.
Criamos guerras e nos esquecemos de plantar a paz. Lutamos pela posse daquilo que não nos pertence, mas nos foi dado como exemplo a seguir, e não seguimos. Do que nos foi confiado para cuidar, e não cuidamos. Do que nos foi doado para a sustentabilidade da própria vida humana e nós insistimos em destruir e dizimar. Em nome de que?
Criamos guerras, matamos, morremos, choramos e sofremos perdas irreparáveis, e não nos esquecemos de culpar a Deus pelos crimes que cometemos. Até mesmo quando nos afirmamos céticos de sua existência.
E quando sofremos as consequências das nossas ações, também o culpamos por ser vingativo e impor ao homem o castigo por seus atos nem sempre impensados.
Derrubamos árvores, arrancamos flores, poluímos rios, maltratamos a terra, e colhemos os frutos podres da nossa própria ignorância e arrogância.
Nos esquecemos da única coisa realmente definitiva e justa nessa vida, e sonhamos com uma morte dígna e o descanso na paz eterna.
Não se colhe, aquilo que não se planta.
Monica San
10 fevereiro, 2010
ENTREVISTA: ANGELA CHAGAS
Angela Chagas, segundo lugar no PRIMEIRO FESTIVAL DE PRIMAVERA NO CAFÉ DAS LETRAS, realizado em setembro de 2009.
Abaixo, você conhece um pouco mais da escritora.
1. Quem é Angela Chagas?
Eu sou Angela Maria Chagas Araújo, funcionária publica aposentada, carioca e há 16 anos moradora de Niterói-RJ "Cidade Sorriso”. Reconhecida como a melhor em qualidade de vida.
Sou separada, tenho um casal de filhos que amo, e um cachorrinho lindo que foi me conquistando aos pouquinhos o “danadinho”...!
Estou em constante busca de aprendizado, com a natureza, com os filhos, com os amigos e principalmente com os livros e por isso, quando posso, leio sobre muitas coisas, inclusive sobre religiões.
2. Quando e como começou a carreira de escritora?
Desde pequena sempre gostei de escrever, sobre tudo o que sentia, mas por incrível que pareça a primeira poesia foi há quinze anos, quando o meu irmão caçula passava por sérios problemas de saúde.
E pela internet o contato com a escrita foi em 2006, quando comecei a participar de algumas comunidades.
3. Quais foram suas influências no início? E hoje, quem te influencia?
Tenho uma profunda admiração pelos poetas:
Clarice Lispector, Cecília Meireles, Cora Coralina, Flor Bela Espanca, Murilo Mendes, Oswald de Andrade, Cruz e Sousa entre outros. Mas sou apaixonada pelas obras de Fernando Pessoa, que me influencia até hoje.
Costumo dizer uma frase:
Quando a vida me trouxe a aflição, ressuscitou em mim a poesia
Retirando-me a agonia, alegrando o meu coração.
4. Como você vê a literatura da internet?
Vejo como uma ação de formação que procura atrelar o universo da literatura com o das novas tecnologias, com o objetivo de divulgar o que na Internet estão guardadas em bibliotecas virtuais, grandes obras-primas da literatura.
A internet queira ou não, é uma realidade para a literatura, sobretudo a fértil literatura que vem surgindo do teclado de novos escritores, muitos dos quais talentosos e com bom domínio da escrita e que, por varias razões não se aventuram pelo mercado editorial tradicional.
5. Qual o tema mais abordado em seus trabalhos?
Escrevo sobre vários temas, não há um tema principal no qual eu me dedique.Depende do momento em que eu escrevo, do lugar e também de como estou me sentindo.
6. O que está lendo no momento?
Clarice Lispector – Água Viva- li há um mês atrás.
7. Uma leitura que você recomenda.
Eu recomendo Clarice Lispector – a meu ver a escrita de Clarice, situa-se numa confluência de paradigmas, ou seja, por sua perspectiva estilista pessoal cria-se um entrelaçamento entre a realidade e a realidade adivinhada.
Clarice produz uma poética que lhe é própria em seus escritos. E em Água Viva percebe-se um denso e lindo poema em prosa.
8. Tem trabalhos publicados? Quais são eles?
Sim tenho algumas poesias... São elas:
1. Um Novo Clarão
2. Soneto Para Dorival
3. Oceano De prazer
4. Mãos
5. Poesia À Flor Da Pele
9. Fale sobre o seu processo de criação, como ele acontece? Quais seus projetos para o futuro?
A poesia em mim às vezes me surpreende, pois nem sempre ela nasce em lugares muito propícios. No inicio eu ficava meio perdida, mas hoje procuro andar prevenida, carrego sempre papel e caneta onde quer que eu vá e me coloco a sua disposição.
Quando era bem menina, quase não falava, mesmo que algo me incomodasse muito não colocava pra fora, engolia tudo inclusive as alegrias... Sempre gostei muito de ler e escrever, às vezes eu fazia um resumo das leituras que fazia e isso era um jeito de conversar comigo mesma, então comecei a escrever também tudo o que sentia e daí foi nascendo as minhas poesias. Houve um período em que parei de escrever, pois comecei a trabalhar muito cedo aos 12 anos e já não sobrava mais tempo para as leituras e também para as poesias. Mas a vida às vezes nos reserva muitas surpresas não é mesmo? E quando um dos meus irmãos passava por um momento muito depressivo, escrevi uma poesia intitulada “Sinfonia da Natureza” e lhe dei de presente.
Em relação a minha criação, devo dizer que ela chega às vezes de repente, conversando com alguém, ouvindo uma música, uma frase, um olhar, um sorriso recebido, apreciando o sol, a chuva, o vento, o luar, o mar... Enfim, a natureza com certeza me seduz, às vezes estou no ônibus, na barca, depende muito, às vezes ela surge apenas observando uma pessoa como um sopro, com dores e também alegrias.
Tenho muitos projetos em mente e um deles é escrever um livro solo, mas isso é para o futuro, deixemos acontecer... Por enquanto continuo participando das comunidades na Internet.
10. Um Sonho
Ver meus filhos bem encaminhados na vida, acreditando que sonhar vale à pena,
mas saber arriscar e ter responsabilidade no objetivo escolhido é o melhor processo da vida.
11. Uma realização alcançada
Tenho várias:
Uma família abençoada graças a Deus, amigos sinceros no virtual que se tornaram reais e a minha primeira participação em uma antologia em 2009.
12. Um arrependimento
Nenhum, mesmo porque sou humana e passível de erro mesmo quando quero acertar.
13. Você acha que o escritor é valorizado no Brasil? Por quê?
Bem, penso que a valorização vai depende de como o escritor é conhecido, e da importância de suas obras, ou seja, de que maneira ele colabora com a cultura brasileira, e de como está sendo entendido por seus leitores.
14. Atualmente, quais os entraves para publicação de um trabalho literário?
Acredito que o entrave principal para a publicação de um trabalho literário é o financeiro, tendo em vista que um escritor iniciante tem que custear a sua própria edição e ir à luta para divulgar o seu trabalho.
15. Considera seu trabalho pronto, ou ainda falta alguma coisa? O que?
Nossa, falta muita coisa ainda... Estou só começando, aprendendo com os grandes poetas, lendo, estudando com os grandes mestres... O que falta? Ah... Melhorar sempre!
16. Para você, qual a importância de ter participado do nosso festival, e sobre tudo ter sido uma das vencedoras?
Ter participado deste festival foi uma grande honra, pois tenho muito apreço por essa comunidade e pela pessoa que organizou esse evento. E ser uma das vencedoras foi uma enorme surpresa, já que tive a satisfação em compartilhar com poetas maravilhosos pelos quais tenho uma grande admiração.
17. Se te fosse dada a tarefa de escrever um livro, que seria distribuído em todas as escolas e universidades do mundo, para todos os alunos, com a intenção de ensinar às crianças e aos jovens o cantinho da felicidade, que tema você escolheria? Qual seria a mensagem central do seu livro?
A minha mensagem seria sobre a auto-aceitação e aceitação do outro, pois somos pessoas com idéias diferentes.
Niterói, 07 de fevereiro de 2010.
Angela Chagas
Agradeço à escritora pela delicadeza em nos proporcionar conhecer um pouco mais de si e de seu trabalho. Um grande abraço, e sucesso!
Monica San
Organizadora do Festival

06 fevereiro, 2010
ENTREVISTA: BASILINA PEREIRA
Basilina Pereira foi a vencedora do PRIMEIRO FESTIVAL DE PRIMAVERA NO CAFÉ DAS LETRAS, realizado em setembro de 2009.
Abaixo, você conhece um pouco mais da escritora.
Quem é Basilina Pereira?
É uma virginiana muito exigente, mas “negociável”. Gosto de resolver as coisas conversando. Sou professora aposentada, advogada, poeta e escritora, (já me considero como tal) divorciada, tenho 3 filhas e 3 netos, que estão em primeiro lugar na minha vida. Depois vêm os amigos a poesia, as orquídeas, minha casa, etc...
Quando e como começou a carreira de escritora?No segundo semestre de 2006, quando me aposentei do Magistério. Sempre gostei de escrever, mas usava esta habilidade no trabalho.
Quais foram suas influências no início? E hoje, quem te influencia?Sempre gostei muito de ler e acho que muita gente me influenciou, eu não saberia dizer quem me influenciou mais, porque não é um processo consciente, acho até que ele oscila, dependendo do que a gente está lendo no momento. No momento, tento me adaptar às tendências mais modernas, pois tenho uma queda quase irremediável para os versos rimados.
Como você vê a literatura na internet?Acho que a internet é um milagre da tecnologia e é um espaço democrático que abriga a todos. Há muitos bons poetas e escritores que estão aproveitando e divulgando seus trabalhos na internet e também outros que, ainda, não podem ser assim considerados, mas aqui é o espaço que deve ser usufruído por todos, por seu alcance e rapidez, o que muito nos beneficia.
Qual o tema mais abordado em seus trabalhos?Acho que os sentimentos, os mais variados possíveis. Procuro escrever sobre o que estou sentindo no momento, também sobre o que observo, sobre o que leio e, vez ou outra, alguma ideia inusitada baixa em mim e escrevo sobre ela também.
O que está lendo no momento?
Estou lendo os poetas portugueses contemporâneos, porque me disseram que o meu estilo se parece com o deles, o que é uma grande coincidência, porque eu, sinceramente, não os conhecia até então. São eles: Manuel Alegre, Gastão Cruz, Maria Teresa Horta, Rui Pires Cabral, Vasco Gato e Maria do Rosário Pedreira.
Uma leitura que você recomenda.Todos os clássicos. Depois os modernos e depois os atuais, na medida do possível. Eu tenho minhas preferências, é claro, (Clarice Lispector, Machado de Assis e Drummond), mas todos são bons e nos acrescentam alguma coisa, com certeza.
Tem trabalhos publicados? Quais são eles?
Sim, já participei de várias antologias (umas 10) e em 2009 publiquei meu primeiro livro solo: QUASE POESIA, pela LGE editora, que já está na segunda edição (a primeira esgotou e 3 meses) e meus segundo livro: JANELAS já está na editora (LGE editora) e deve sair no próximo mês (fevereiro).
Fale sobre o seu processo de criação, como ele acontece.Eu me alimento (intelectualmente) do que leio. E dessas leituras vão surgindo as ideias, as lembranças, às vezes é engraçado: uma palavra ou um fato qualquer, desencadeia uma série de outros pensamentos que vão se juntando até eu sentir que é hora de colocar no papel aquilo está me cutucando e só vai parar quando eu escrever. Aí escrevo. Deixo ali até o dia seguinte, quando volto e dou uma olhada final. Quase sempre mudo pouca coisa, mas pertenço à corrente que acredita que nenhuma obra de arte sobrevive sem o conhecimento da técnica.
Quais seus projetos para o futuro?Continuar escrevendo e publicando meus livros e também usando e abusando da internet, que é algo indispensável para o escritor/poeta.
Um sonhoQue meus netos um dia sintam orgulho de mim pela pessoa positiva e construtiva que eu tenha sido.
Uma realização alcançadaTenho muitas: minha família que eu construí com êxito, meus netos que estou vendo crescer, o respeito de que desfruto como profissional, pessoa, mãe, amiga leal.... meu livro publicado, o reconhecimento das pessoas que me lêem, as mensagens de carinho que recebo todos os dias pela internet ,etc...
Um arrependimentoNenhum: até porque não adianta se arrepender, se não puder consertar o objeto do arrependimento. Acho que fiz o melhor que pude, dentro das condições de que eu dispunha no momento. Poderia ter sido melhor? Provavelmente, mas sou humana e, como tal, portadora de defeitos e fragilidades.
Você acha que o escritor é valorizado no Brasil? Por que?Acho que o escritor, em todo o mundo, tem que tirar leite de pedra. No Brasil então...onde pouca gente cultiva o hábito da leitura, pelas características de país em desenvolvimento, escolas sucateadas professores desmotivados, a situação é pior ainda, mas cabe a nós fazer a nossa parte e um bom começo é usar a internet para levar o nosso recado até onde ele puder chegar.
Atualmente, quais os entraves para a publicação de um trabalho literário?Acho que começa pela falta de patrocínio. As editoras encampam aquilo que tem retorno financeiro garantido. Logo, para o escritor ou poeta iniciante, a dificuldade é maior ainda, porque nem todos têm condições de arcar com os custos da edição. Mas já tem gente indo à luta, editando e saindo à rua para vender seus próprios livros. Acho que temos que abrir caminho, seja lá como for.
Considera seu trabalho pronto, ou ainda falta alguma coisa? O que?Claro que não. Lembra da virginiana exigente? Pois é, sou exigente comigo também. Sinto que estou melhorando, amadurecendo poeticamente, pois cada livro eu acho melhor que o anterior, mas sou daquelas que vou procurar aprimorar sempre. A todo tempo, vou achar que ainda posso melhorar. O que falta? O próximo passo.
Para você, qual a importância de ter participado do nosso festival, e sobre tudo, ter vencido?Gostei muito de ter participado deste certame e adoro esta Comunidade por sua seriedade e pelo cuidado que sua dona e moderação têm com tudo que ali acontece. O fato de ter vencido muito me honra, porque conheço os demais participantes e são poetas de excelente qualidade, a quem admiro e respeito.
Se te fosse dada a tarefa de escrever um livro, que seria distribuído em todas as escolas e universidades do mundo, para todos os alunos, com a intenção de ensinar às crianças e aos jovens o caminho da felicidade, que tema você escolheria? Qual seria a mensagem central do seu livro?Com certeza seria o respeito às diversidades e como conviver com elas.
Basilina Divina Pereira
Agradeço à escritora pela delicadeza em nos proporcionar conhecer um pouco mais de si e de seu trabalho. Um grande abraço, e sucesso!
Monica San
Organizadora do blog Café das letras
e do PRIMEIRO FESTIVAL DE PRIMAVERA
NO CAFÉ DAS LETRAS

05 fevereiro, 2010
Preâmbulo
ou duas,
ou três
tantas vezes tantas
era um talvez
Talvez nem fosse tanto
contanto que fosse a vez
nenhuma
nem duas
nem três
era uma vez
e, tal vez
nem chegou a ser.
Monica San
Pequenos pensamentos
"À luz do pensamento filosófico, o homem busca respostas. E encontra-se."
"Amar é sublime...de uma escada sem fim, o último degrau.
Donde quase...se pode tocar o dedo de Deus!"
"Covardes são todos aqueles que se recusam ao amor...há que se ter coragem tanto para amar quanto ser amado!"
"A crueldade do que é real, fere mortalmente o Ser humano."
"Definitivamente, se o amor não me cabe, a vida sem ele não me convence."
"Reorganizar a vida... o tempo é de ser árvore e plantar novas mudas."
Monica San
28 janeiro, 2010
25 janeiro, 2010
Soneto a Eros e Psiquê

Num aparte da nossa oração conjugada
nossos verbos tocaram um acorde infinito
nosso eco rompeu viscerais madrugadas
nossas partes fundidas num coito balido
Foste o grito em meu ventre há muito perdido
Fui teu ego acalmado na chama sentida
minha pele em teu corpo, o frio aquecido
teu prazer em min'alma, um sopro de vida!
Nosso algoz foi o tempo cravando o passado
no leito onde Eros transbordava seu leite
Despertando a Psiquê no aparte do amado
jorra o sangue vertendo lembranças tardias
de um ardor trespassado no puro deleite
acordando, d'um sopro, duas almas vadias!
Monica San
19 janeiro, 2010
Sementeira

Tenho buscado em linhas
por vezes rotas e tortas
a sutileza
das verdades universais
a objetividade
das conclusões imprescindíveis
a sobriedade
dos momentos silenciosos
as certezas mais simples
as palavras mais certas
o pouco que alimenta
a alma carente de crenças
Mas hoje, preciso da fartura
da gula que se sobrepõe
da falta que transcende
buscando os excessos
Preciso do grito que mata o silêncio
e fala de uma dor escancarada
de um amor negado, um corpo cansado
Preciso do útero sangrando
pedindo pra se fazer fecundo
e ser vida em contrapartida
desafiando as dores do mundo
E preciso da língua
essa, que extrapola limites
que desvenda sabores
intercalando fendas,
transpondo vertentes
ou fragmentando acidamente
hipocrisias e idolatrias
Preciso dela trazendo à boca
o gosto tácito da febre insana
que me compõe de sabores mórbidos
que me transpõe numa ânsia louca
e faz do corpo só um invólucro
da alma livre que não contenta
do amor que abunda e não se cansa
de semear a palavra viva.
Monica San
17 janeiro, 2010
04 janeiro, 2010
Presa

Queria que teus olhos fossem menos pontiagudos. Que não me trespassassem assim, como se minha carne não oferecesse resistência alguma ao teu sal e ao vinagre da tua saliva. Dispões das minhas partes como a preparar o teu banquete, mas limita-se a degustar lentamente como se teu apetite ainda estivesse morno.
Ainda sangro.
Enquanto afias teus caninos em outros ossos, de presas já devoradas, por certo mais saborosas ou mais "ao ponto" que eu.
Ainda sangro.
Enquanto me preparas, a fogo lento, para adornar a tua mesa e fazer parte do teu banquete.
Ainda sangro ao sentir o teu apetite e imaginar a força dos teus dentes, mas agora, meu sangue é a lava que escorre do teu vulcão em chamas, quando me chamas para saciar a tua fome.
Entre teus dentes encontro meu ponto.
E meu sangue escorre, quente, pelos cantos da tua boca.
Monica San
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