23 fevereiro, 2009

Eu quero é botar o meu bloco na rua...

Tenho tentado aprender o que significa ser de fato uma escritora. Não que eu não saiba qual a importância da literatura em nossas vidas, e mais, a importância da língua na vida de cada ser humano. Mas, individualmente, particularmente, há uma diferença grande entre saber o que significa e realmente vivenciar isso na pele.
Muitas vezes a quantidade de informações e assuntos que podem ser abordados é tão grande e diversificada que forma-se um emaranhado confuso e difícil de ser organizado em nossa mente.

Escrevo poemas, sou substancialmente poeta (ainda em fase de construção), mas sem hipocrisias do tipo "eu não sou poeta" ou "poeta? quem me dera?", não, isso seria ridículo. Sou porque me sinto assim, gosto e quero ser, a despeito de ser ou não considerada poeta por quem de fato o é. Acredito hoje, que ser poeta é mais do que um título ou conceito, é um estado de espírito, é uma forma de ver a vida que não se limita ao espaço alcançado por meus olhos, que transcende o espaço físico, que penetra a alma ou ao menos busca isso, e busca justamente por acreditar ser capaz.

Mas acredito realmente ser capaz de ousar ainda mais. Acredito e quero ser uma escritora de fato. E por onde eu começo? Quais os caminhos que devo trilhar? Onde buscar conhecimento suficiente pra ser reconhecida e respeitada? Em livros, jornais, revistas? Estudando, afundando-me em prateleiras de bibliotecas?
Ou talvez observando a vida, tentando conhecer melhor o ser humano, e a mim mesma, tentando entender como funciona essa imensa esfera azul e essa coisa chamada Homem, tão complexa, tão controversa, tão inconstante e que ainda não aprendeu a cuidar daquilo que ele pensa ser seu, mas não é.

É, é assim que pretendo ser escritora. Não hoje, não daqui há um ano, mas em todos os meus próximos dias. Absorvendo tudo o que me for possível, falando muito, e ouvindo ainda mais, ora errando ora acertando, sendo consciente e atuante naquilo que me torna cidadã, sendo política mas também poeta. Sendo eu mesma mas sem deixar de ser todas as outras personagens que me dão vida quando escrevo e acredito ser capaz de mudar o mundo.

Hoje, eu sou uma alma inquieta e angustiada. Decepcionada com a falsidade do ser humano, indignada com a hipocrisia de políticos e poderosos, revoltada com a impunidade que impera nesse país que eu tanto amo. Mas acima de tudo, insatisfeita comigo mesma por não fazer a diferença que gostaria, por dormir demais e não estar atenta ao quintal da minha própria casa, por me calar quando deveria falar e não ouvir quando deveria ouvir, e principalmente, por ser fraca quando deveria ser forte e por chorar quando deveria gritar.
Mas decidida a desatar todos os nós que esganam a minha garganta!

Monica San

(A expressão usada no título é tirada da música de mesmo nome, composição de Sérgio Sampaio)

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